Sunday, October 02, 2005
Continuação da Crônica: O menino toma dois caminhos
Ok, expliquei coisas sobre a minha infancia, de como eu já tomava caminhos de hoje desde pequeno, de como minhas manias mudaram pouco. Eis que minha vida se divide em dois:
Eu abandonei meu ego de criança aos poucos, como um fio antes grosso se quebrando, soltando seus elos de ligação. Ainda o vejo estirado no chão, rasgado, como um lembrete de que isso fez e faz parte de você. Antes concentrado, agora, em fragmentos.
Minha vida toma então uma bifurcação escura. De um lado, o orgulho. Do outro, o sacrifício. Mal eu sabia que a bifurcação não indicava duas opções, mas três. O orgulho seria uma coisa mesquinha e que não ajudaria as pessoas em nada, mas era o que eu necessitava para continuar escrevendo e criando. Era a garantia de felicidade mesmo se as pessoas não me apreciassem. O sacrifício é o extremo oposto. Fazer algo pelas pessoas e não esperar absolutamente nada em troca. Viver feliz e sem culpas por outros. Extremados, os dois atos e sentimentos destroem o ser humano. Creio até que ele me deteriora um pouco, dia-a-dia. Mas essa não era a questão a ser levada em conta.
O terceiro caminho, que pairava na minha mente, o medo.
Eu conheci isso quando meus relacionamentos começaram a se solidificar, quando comecei a diferenciar amigos de conhecidos. Sofri uma perda de amizade meio pesada aos 13 anos, que foi preenchida por outra. Mas o medo não desapareceu.
Tive medo e ainda tenho de demonstrar o que sei fazer. Em outras ocasiões, meu medo se manifesta numa auto-confiança extrema ou em uma busca incessante por outras pessoas que possam preencher a vaga desses caminhos. E eu fico perdido na estrada, buscando ações, mas não o caminho.
Isso tem resumido a minha adolescencia, um ato sempre reflexivo, que no fim não vai corresponder a verdade. Lembro do Luca falar que, quando jovens, conhecemos o ódio (no flog do Hugo, se não me falha a mente). Acho que, pior que o ódio, conheci a incerteza, nesses tempos todos. Vi desespero, dor, felicidade, amor, vingança, abandono, indiferença, extremismo, amizade, gratidão, vazio e evolução.
Mas eu só senti a incerteza.
O que serei? Uma excelente pergunta.
No fundo, tudo são crônicas. Mesmo dentro da fantasia.
posted by Pedro Zambarda at 8:43 AM
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